Com vocês, o caranguejo UÇÁ!
08-01-2015
O Ucides cordatus, conhecido como Caranguejo Uçá, faz parte do grupo dos crustáceos, assim como o camarão, lagosta e siri. Ele ocorre desde a Flórida (EUA) até Santa Catarina (Brasil). Ele vive em tocas que constrói, em regiões de Mangue. É o segundo maior crustáceo deste ambiente e a espécie mais explorada para consumo humano. Uma de suas mais importantes funções ecológicas é o revolvimento da lama e restos de folhas para a regeneração da matéria orgânica.
Pesquisas, importante ferramenta para preservação do Uçá
Nos manguezais várias espécies encontram as condições ideais para reprodução, eclosão de ovos, criadouro e abrigo de filhotes. E não é diferente com o Ucides cordatus. O Uçá possui algumas fases de desenvolvimento como ovo, fase larval e adulta. Ainda ovo e larva, vivem na água e podemos chamá-los de plâncton. Eles são os organismos que vivem nas massas d’água e não são capazes de vencer as correntes. Na fase adulta, chamamos de bentos, que são aqueles animais que vivem associados ao sedimento, fixos ou não.
O caranguejo Uçá não é só importante para o meio ambiente, mas tem papel socioeconômico.
Um dos objetivos do Projeto Uçá, desenvolvido pela Guardiões do Mar, é estudar, pesquisar e monitorar todas estas fases.
Na fase planctônica, os organismos são microscópicos. Então equipamentos específicos são utilizados em campo e em laboratório. As coletas são realizadas mensalmente desde a entrada da Baía de Guanabara até ao fundo, assim podemos acompanhar a sua distribuição nesta área em um determinado período de tempo. Já na fase bentônica (adulto) o estudo é realizado na APA (Área de Proteção Ambiental) de Guapimirim e são levados ao laboratório para aferição de peso e tamanho corporal.
O caranguejo Uçá não é só importante para o meio ambiente, mas tem papel socioeconômico. Pescadores utilizam-no como fonte de renda, porém com a degradação do mangue e a sobrepesca, não está sendo encontrado tão facilmente como antigamente. Para minimizar o impacto existe uma Portaria do IBAMA (Nº 52/03N de 30 de Setembro de 2003) que proíbe a sua comercialização e captura no período de outubro e novembro para os machos e outubro a dezembro para as fêmeas, e ainda a proibição da captura de fêmeas ovadas e animais com carapaça menor que 6 (seis) cm por todo o ano.
Portanto, a preservação dos manguezais e sua biodiversidade começam com pequenas atitudes de cada um, para podermos continuar a usufruir do que esse ambiente oferece por muito, muito tempo.
Giselle Azevedo – Bióloga
Tags: Caranguejo UÇÁ, Manguezal, Pesquisas, Preservação